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Lenine ressoa lembranças afetivas descortinadas pela memória na foto familiar de 'Eita', filme 'para se ouvir'

Lenine em cena do filme 'Eita', média-metragem costurado pelo repertório do primeiro álbum de estúdio do artista em dez anos Malu Freire / Divulgação ♫ ...

Lenine ressoa lembranças afetivas descortinadas pela memória na foto familiar de 'Eita', filme 'para se ouvir'
Lenine ressoa lembranças afetivas descortinadas pela memória na foto familiar de 'Eita', filme 'para se ouvir' (Foto: Reprodução)

Lenine em cena do filme 'Eita', média-metragem costurado pelo repertório do primeiro álbum de estúdio do artista em dez anos Malu Freire / Divulgação ♫ ANÁLISE ♬ Ouvidos na voz de Maria Bethânia, os versos de Foto de família – parceria de Lenine com João Cavalcanti que integra a safra de 11 músicas inéditas de Eita, álbum que cai no mundo na sexta-feira, 28 de novembro – são a senha para o entendimento do filme derivado do disco e também intitulado Eita. No filme, apresentado por Lenine com o imersivo som dolby atmos em duas sessões para convidados que lotaram uma das salas do Cinema Marquise em São Paulo (SP) na noite de ontem, 25 de novembro, o artista expõe na tela uma sequência de clipes que formam mosaico de imagens afetivas, ressoando boas lembranças descortinadas pela memória. Essa foto da família biológica e afetiva construída na trajetória da vida e da música é a matéria-prima de Eita, primeiro álbum gravado em estúdio por Lenine com repertório inédito em dez anos. Se o álbum Eita é um disco 'para se ver', o média-metragem Eita – dirigido por Lenine com Kabé Pinheiro e Laís Branco, com roteiro de George Moura e João Moura – é um filme 'para se ouvir'. "Eita é um documento da minha intimidade", conceituou Lenine na breve apresentação feita antes da exibição do filme produzido pelas empresas Casa 9 e Mameluco Produções sob direção artística do engenheiro de som Bruno Giorgi, produtor musical do álbum Eita. Quem toca a Mameluco é a diretora e produtora Anna Maria Giorgi Barroso, ou Anna Barroso, como é conhecida no meio musical a companheira de Oswaldo Lenine Macedo Pimentel. Na foto de família que espoca na tela do filme Eita, Anna protagoniza com Lenine um dos flashes mais sensíveis do média-metragem. É quando, sentada em cadeira alocada em espaço povoado por memorabilias, diante de Lenine, Anna ouve com emoção interiorizada (mas perceptível nos olhos, janela da alma) o parceiro se derramar em afeto ao dar voz aos versos apaixonados de Meu xamêgo, canção que Lenine compôs sozinho e que dedica a Anna na safra inédita do álbum Eita. A exposição pública do elo e do afeto conjugal é carregada de sentidos adicionais para quem sabe que, nos longos anos em que Lenine lutou por um lugar ao sol para construir o universo musical reiterado no álbum Eita, Anna bancou o pão com o rendimento do próprio trabalho para que o companheiro continuasse alimentando o sonho que somente começou a se concretizar a partir da década de 1990. Álbum e filme Eita costuram e exaltam as referências pessoais e profissionais de Lenine, pernambucano que dedica a música-título Eita à nação nordestina que o pariu e o preparou para cair na vida com som cosmopolita que jamais deixou de estar fincado no fértil solo musical nordestino em que brotaram Dominguinhos (1941 – 2013), Hermeto Pascoal (1936 – 2025), Letieres Leite (1959 – 2021) e Naná Vasconcelos (1944 – 2016), ícones celebrados no disco. É do Recife (PE), cidade fundamental da nação, que parte o filme Eita com a exibição do clipe de Confia em mim, canção de Lenine e Dudu Falcão. Lenine gira pelos contornos da Praça da República em rota que, em outros números musicais, passa por Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), mas que volta para o Recife (PE) na tradução visual da música Boi Xambá (Lenine), gravada com o grupo Bongar nos estúdio pernambucanos Fábrica e Música Troncha. Se a música Foto de família é dedicada por Lenine à mãe Daisy Pimentel (falecida em janeiro de 2017, aos 91 anos), de cujo ventre o artista saiu para o mundo em 2 de fevereiro de 1959 na capital de Pernambuco, Aos domingos (Lenine) vem com dedicatória ao pai, José Geraldo, falecido em julho de 2015 aos 93 anos. Daisy e José Geraldo simbolizam as raízes da árvore genealógica que vem gerando frutos como os netos de Lenine, também vistos no filme. Entre uma e outra dedicatória familiar, o filme segue o Rumo do fogo (Lenine e Lula Queiroga) com preocupações ambientalistas na música gravada com a adesão vocal de Maria Gadú e dedicada aos ativistas e líderes indígenas Davi Kopenawa e Ailton Krenak. Enfim, o filme Eita retrata afetos em moldura visual requintada que traduz o som do álbum que lhe deu origem. No filme, assim como no disco, Lenine continua bem na foto. ♫ O colunista do g1 viajou a São Paulo (SP) a convite da produção de Lenine. Lenine celebra ícones da música nordestina, como Dominguinhos (1941 – 2013), no álbum e no média-metragem 'Eita' Malu Freire / Divulgação Maria Bethânia faz feat com Lenine na música 'Foto de família', parceria do artista com o filho João Cavalcanti Malu Freire / Divulgação