Retrospectiva 2025 – Gilberto Gil dá ótima resposta ao tempo rei em turnê que se destacou na temporada nacional
Gilberto Gil resume mais de 60 anos de carreira no roteiro do show 'Tempo rei', calcado em sucessos do período 1965-1985 Reprodução / Facebook Gilberto Gil ...
Gilberto Gil resume mais de 60 anos de carreira no roteiro do show 'Tempo rei', calcado em sucessos do período 1965-1985 Reprodução / Facebook Gilberto Gil ♫ RETROSPECTIVA 2025 ♬ 2025 foi um ano de emoções extremas para Gilberto Gil . Na vida pessoal do artista, o ano ficará marcado pela dor da morte da filha Preta Gil (1974 – 2025) em 20 de julho. Trinta e cinco anos após ter enterrado o filho Pedro Gil (1970 – 1990), falecido aos 20 anos em acidente de carro, o artista vivenciou novamente a dor de perder um filho. No plano profissional, contudo, o cantor, compositor e violonista baiano teve um ano de alegrias com a turnê Tempo rei. Última apresentação de Preta Gil foi ao lado do pai Gilberto Gil da turnê “Tempo Rei” Iniciada em 15 de março em Salvador (BA), cidade natal do artista de 83 anos, e ainda em curso pelo Brasil e pela América do Sul, com apresentações agendadas até março de 2026, a última grande turnê de Gil se destacou em temporada nacional concorrida, marcada por shows grandiosos, moldados para arenas e estádios. Ao longo de duas horas, com a chama acesa pelo fogo sagrado do palco, Gil mostrou que já transcende o tempo ao seguir roteiro calcado em sucessos amealhados pelo cantor entre 1965 e 1985, período de 20 anos que concentra a produção áurea do compositor. Além dos hits, mote de roteiro concebeu para celebrar a obra magistral do artista, a turnê Tempo rei também gerou notícia pelas aparições de convidados a cada apresentação. Sem aviso prévio, Gil recebeu no palco nomes do porte de Roberto Carlos, Marisa Monte, Caetano Veloso, Chico Buarque – presença bissexta em shows alheios – e, claro, a filha Preta. A última aparição de Preta Gil em um palco foi ao lado do pai, em 26 de abril, dia em que cantaram Drão (1982) – canção composta por Gil para a mãe de Preta, Sandra Gadelha – em apresentação da turnê Tempo rei na cidade de São Paulo (SP). Em dezembro, a turnê ancorou em alto mar, como atração principal do cruzeiro temático do Navio Tempo rei. Enfim, driblando as dores e reveses da vida, Gil deu bela resposta ao tempo rei ao longo de 2025. Maria Bethânia festeja 60 anos de carreira com show à altura do histórico da intérprete nos palcos Rodrigo Goffredo ♪ Na seara dos shows de artistas do Brasil, além de Gilberto Gil, outros grandes nomes da música brasileira também brilharam nos palcos. Seis meses após encerrar turnê com Caetano Veloso, iniciada em agosto de 2024 em rota que conduziu os irmãos para arenas e estádios do Brasil, Maria Bethânia estreou em setembro o show comemorativo dos 60 anos de carreira, apresentando espetáculo à altura do histórico da intérprete nos palcos. Imperativa e majestosa, como de hábito, Bethânia seduziu os súditos em cena, com direito a ótimas músicas inéditas do casal Rita Lee (1947 – 2023) & Roberto de Carvalho e de Xande de Pilares (em parceria com Paulo César Feital) no roteiro construído com inteligência, sem hits e obviedades. Bethânia gravará o show em janeiro, no Rio de Janeiro (RJ), para lançamento de álbum ao vivo e registro audiovisual. Em outubro, foi a vez de Marisa Monte estrear a turnê Phonica, enquadrando sucessos na moldura de orquestra sinfônica sem perder o apelo pop e sem resvalar para a austeridade que rege os concertos. Phonica tem circulado por arenas e estádios e entra em 2026 com datas já agendadas em cidades do Nordeste do Brasil. Sob a direção de Jorge Farjalla, Vanessa da Mata também brilhou no show Todas elas, mostrando espantosa evolução vocal, a ponto de cantar ária de ópera com propriedade. Já Caetano Veloso criou vigoroso show para o alentado circuito dos festivais – onde a Orquestra Imperial estreou o show em que presta excelente tributo a Erasmo Carlos (1941 – 2022) – enquanto Ivan Lins festejou 80 anos com show retrospectivo, Flávio Venturini repassou páginas de um livro bom no show Minha história e João Bosco alimentou saudades e esperanças do Brasil no sabor tupi do show Boca cheia de frutas. E como não falar de Dominguinho, o show acústico que arrastou multidões Brasil afora para ver João Gomes, Jota.Pê e Mestrinho juntos e misturados em cena? Sucesso absoluto! Vanessa da Mata mostra grande evolução vocal no show 'Todas elas' Divulgação Fora da rota das grandes casas e arenas, foi feliz quem testemunhou a exuberância de Marcos Sacramento no show de lançamento do álbum Arco, quem assistiu ao show Afim de Zé Ibarra (confirmação em cena do acerto do homônimo álbum solo), quem viu Alice Caymmi cantar o repertório de Nana Caymmi (1941 – 2021) nos tons e na vibração da tia imortal, quem presenciou a apoteose de Ilessi no show de lançamento do álbum Atlântico negro e quem viu Ayrton Montarroyos e o violonista João Camarero pulsarem afinados no compasso das “músicas do coração” de show em duo. Sem falar no encontro de Assussena com o mesmo João Camarero, no banho de felicidade dado por Fátima Guedes no show Sete chuvas, no santo que baixou em Mariene de Castro no show Dona da casa, na retrospectiva de Roberta Sá no show Tudo que cantei sou, no refinado Choro das águas de Zizi Possi e na celebração de Kleiton & Kledir pelos 50 anos de carreira, entre outros belíssimos shows que ficarão nas memórias de quem os viu. Enfim, o pulso da MPB ainda pulsa nos palcos do Brasil, dando bela resposta coletiva ao tempo rei.